Depois da morte de Baldr os deuses permaneciam sem voz; quando queriam falar, rebentavam em lágrimas. Decidiram fazer solenes funerais. Conduziram seu corpo até o mar, Construíram uma pira sobre a barca que lhe pertencera e puseram-no em cima da fogueira, juntando-lhe o cavalo, magnificamente ajaezado. Tudo foi consumido pelas chamas; todos estavam presentes ao funeral; viam-se até gigantes que tinham vindo do país dos gelos ou das montanhas.
Mas Frigg perguntava a todos os deuses se não haveria um capaz de ir ao reino das sombras buscar-lhe o filho; de feito, como Baldr não morrera em combate, não pudera ir para o Válala, mas permanecia no Reino de Hel. Aquele que prometesse trazer o filho, Frigg, de antemão, concedia já seus favores.
Hermod, filho de 0din, resolve tentar a empresa; monta no Sleipnir, o cavalo paterno, e se põe em viagem; cavalga durante nove dias e por fim atinge o rio que cerca o país dos mortos; lá o guarda da ponte lhe diz que Baldr passou por ali, na véspera, com 500 homens; Hermod prossegue na sua rota e chega diante das grades que fecham o Reino de Hel; Sleipnir transpõe as grades num pulo prodigioso e conduz o valoroso Hermod à presença da deusa; diz-lhe qual a missão que ali o trouxe. Hel responde-lhe: "Se todas as coisas no mundo, vivas e mortas, o choram, ele retornará para junto dos Ases; mas ficará com aqui se houver alguém que recuse chorar por ele".
Logo que souberam dessa resposta, os Ases enviaram mensageiros pelo mundo todo a fim de pedir a todos os seres que tiras sem Baidr do reino dos mortos com as suas lágrimas; todos o choravam, as árvores, os animais, os homens, os gênios e os deuses; as pedras, a terra, os metais, as águas também o choravam. E já, muito satisfeitos por terem tão bem desempenhado a missão, voltavam os mensageiros quando, numa caverna, perceberam uma gigante feiticeira que havia nome Thokk; e esta não chorava; pediram-lhe, então que chorasse; mas ela se recusou, dizendo: "Nem durante sua vida nem depois da sua morte Baldr me prestou o menor serviço; que Hel conserve o que possui".
Morto Baldr, o mundo não poderia mais conhecer a verdadeira bondade, a justiça perfeita, a beleza sempre benéfica; a vida estaria misturada a morte, à beleza a feiúra, à justiça a desonestidade, ao puro a impureza, à alegria as lágrimas... E coisas boas, santas e puras juntaram-se ao que era feio, mau e impuro; começara a desagregação do mundo que somente terminaria com a catástrofe final; depois desta, porem, viria a Renovação; a Terra emergiria inteiramente nova do Oceano; os filhos dos deuses mortos voltariam para o país dos Ases; a Terra seria bela e fecunda, pois Baldr retornaria.