Nome vulgar: Boga
Nome científico: Chondrostoma sp.
Família: Cyprinidae
Ordem: Cypriniformes

 

Espécie endémica da Península Ibérica, ocorre principalmente nas bacias hidrográficas do norte e centro do país, estando a sua distribuição limitada a sul pela bacia hidrográfica do Sado. A Boga é uma espécie quase restrita ao centro-oeste da Península Ibérica, sendo em Portugal muito vulgar nas bacias hidrográficas do norte a Chondostroma polylepis duriense, e no centro e sul até à bacia do Sado a de nome Chondostroma polylepis Steindachner, também chamada de Boga de boca direita, sendo esta muito apreciada na pesca desportiva de competição. Na Albufeira do Caia, junto à localidade de Arronches, encontra-se um dos maiores e mais importantes viveiros naturais desta espécie.

 

Estão referenciadas em Portugal outras espécies de boga: a boga-de-boca-arqueada (C. lemmingii), a boga-do-Guadiana (C. willkommii), a boga-portuguesa (Chondostroma lusitanicum), e as novas espécies recentemente identificadas: Chondrostoma aradensis, Chondrostoma almacai, Chondrostoma occidentale  sendo as últimas espécies endémicas de Portugal e as duas primeiras da Península Ibérica.

 

Outras duas espécies antes classificadas como Rutilus macrolepidotus e Rutilus arcasii foram re-classificadas recentemente e pertencem agora ao género Chondrostoma, sendo C. macrolepidotus e C. arcasii.

 

Todas as bogas possuem um corpo fusiforme e alongado, com um focinho proeminente, a boca inferior e sem barbilhos, e um lábio inferior com uma placa de bordo cortante para raspar as algas e invertebrados aderentes à gravilha dos fundos. As barbatanas têm uma coloração avermelhada, ou mais clara consoante a espécie.

 Vive habitualmente em locais de água com alguma corrente e pode apresentar medidas até um máximo de cerca de 30 centímetros e um peso que normalmente não ultrapassa as 400/500 gramas.

 É uma espécie com uma longevidade à volta dos 10 anos e torna-se adulta aos 2/3 anos de idade.

 

A sua alimentação baseia-se em invertebrados, particularmente de moluscos, larvas de insectos e ainda de vegetais, em especial de pequenas algas.

 A Boga efectua migrações logo no início da Primavera para executar a desova a montante dos cursos de água corrente com pouca profundidade e de fundos de areia e cascalho, onde cada fêmea deposita entre 1.000 e 7.000 ovos. Durante a reprodução os machos apresentam minúsculos tubérculos nupciais por todo o corpo.

Entre os ciprinídeos, a Boga é o primeiro a executar o processo de reprodução.

 

A boga Portuguesa, Chondrostoma lusitanicum ou Rutilus lusitanicum, como aparece em alguma bibliografia, é uma espécie pouco conhecida, esteve definida com um estatuto ecológico: RARO e passou à pouco tempo para CR (Criticamente em Perigo).

É um endemismo português, o que quer dizer que só existe em Portugal, pelo que se não for protegida poderá desaparecer para sempre.

A sua distribuição ocorre pelos troços terminais das bacias hidrográficas compreendidas entre o Tejo e o Arade inclusivé, algumas populações importantes parecem existir no Rio Sado.

A sua população é pouco abundante e encontra-se em regressão.

 

Factores de ameaça: alterações do habitat particularmente por extracção de inertes; pressão de outras espécies exóticas e invasoras; aparente isolamento populacional na sequência da fragmentação do habitat, por barragens, açudes, zonas onde as condições ambientais se tornaram impróprias, por poluição ou outros factores.


Medidas de conservação: protecção do habitat e criação de zonas de abrigo.
Comentários: acentuado declínio em simultâneo com a expansão de espécies invasoras

 

 

 

 

Chondrostoma polylepis duriense (Coelho) 1985

 

 

 

C. polylepis (Steindachner) 1865 - esta foto em cima foi tirada por mim (boga capturada na Vala de Alpiarça)

Boga de boca direita

 

 

C. willkommii (Steindachner) 1866 - Boga do Guadiana

 

 

Chondrostoma lemmingii (Steindachner) 1866 ou Rutilus lemmingii (Boga de boca arqueada)

 

 

 

 

Desenho de Chondrostoma lusitanicum (Collares-Pereira) 1980 - Boga portuguesa  

Foto de C. lusitanicum (Collares-Pereira) 1980por J. A. Rodrigues

 

Os meus agradecimentos à Exma Dra. M. J. Collares-Pereira e toda a sua equipa, por me terem fornecido esta foto rara.

 

Ruivaco do Oeste
Nome científico: Chondrostoma occidentale
Mapa de Distribuição

Este pequeno ciprinídeo sem barbilhos é uma espécie descoberta em 2005 e que só existe em três pequenas ribeiras da Estremadura, entre Mafra e Torres Vedras: Sizandro, Safarujo e Alcabrichel. É por isso um animal extremamente ameaçado porque os rios onde vive são especialmente poluídos. Separou-se há mais de 5 milhões de anos dos seus parentes mais próximos, que existem mais a norte (o ruivaco – Chondrostoma oligolepis ou macrolepidotus). O Ruivaco do Oeste é um pouco mais alongada, o focinho é mais curto e as escamas um pouco mais pequenas e numerosas do que no ruivaco. É um animal ainda mal estudado que parece ser omnívoro, alimentando-se em grande parte de pequenos invertebrados aquáticos. Como o ruivaco, usa muitas vezes a vegetação das margens e raízes submersas para se abrigar. Reproduz-se no meio da Primavera.

Comprimento máximo: 9,3 cm
Estatuto de conservação: A descoberta deste peixe foi feita depois de elaborada a edição do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal actualmente em vigor, por isso ainda não tem um estatuto legalmente atribuído. No entanto, os investigadores que fizeram a sua descrição propõem que o seu estatuto seja de espécie “criticamente ameaçada”.

 

Boga do Sudoeste (Chondrostoma almacai)

Este pequeno ciprinídeo sem barbilhos é uma espécie do Sudoeste de Portugal, também descrita à pouco tempo.

Ocorre nos rios Mira, Arade e Bensafrim. Esta espécie possui maior numero de escamas na linha lateral que a sua parente mais próxima, a Chondrostoma lusitanicum, possui também o focinho mais comprido, entre outras diferenças.

 

 

Na foto da esquerda comparação entre C. almacai em cima e C. lusitanicum, ao centro foto de Ribeiro, F. que mostra este pequeno peixe em perspectiva, e à direita mapa com a comparação da distribuição geográfica da C. lusitanicum e a C. almacai, esta ultima com distribuição ainda mais reduzida.

 

Ainda existem mais três espécies de bogas, uma delas foi também, recentemente descoberta, Chondrostoma aradensis da qual não possuo nenhuma foto, enquanto as outras duas espécies Chondrostoma macrolepidotus e Chondrostoma arcasii são espécies que já estão identificadas há muito tempo, no entanto o seu nome cientifico tem sido revisto, pois ambas foram consideradas pertencentes ao género Rutilus, e as suas fotos estão em "Escalos", porque na legislação nacional de pesca desportiva de águas interiores não são distinguidas de outras espécies às quais se dá o nome vulgar de escalos.