NÚCLEO DE ANTIGOS-ALUNOS DO COLÉGIO SANTO INÁCIO
Rua São Clemente 226 / 22260-000 Rio de Janeiro - RJ / BRASIL tel. (21)2537-8646 / fax (21)2266-5367 "âncora": Prof.Vicente Paim |
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publicadas em 1999
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março/2001
Pirão é um colaborador assíduo. Também graças a ele estão sendo preservadas “pessoas & fatos” do tempo dele como aluno. São histórias que nos divertem e nos permitem recriar uma atmosfera, hábitos e atitudes, caracteristicamente inaciana. Anteriormente Pirão enviara a crônica “Marimbondos de Chaves”, publicada no infoCSI n.° 61, de set/99. No ano passado, um grupo de alunos a transformou num “sketch”, apresentado na programação comemorativa de mais um aniversário do CSI. Agora, Pirão, ao enviar esta crônica, avisou: “vou discutir o milhão de dólares de direitos autorais que me devem”. E acrescenta: “da próxima vez, estou à disposição para uma sessão de autógrafos.” É isso aí, Pirão! Agradecemos!!! Carlos Alberto Pires de Castro, Pirão,
ex-aluno de 1969, engenheiro Bom, eu sinceramente não me lembro muito bem se a novena era a Comunhão ser recebida na primeira ou na última sexta-feira de cada mês. Nesses dias tínhamos até um horário especial de aulas no Colégio. Creio que era um recreio maior e um período maior de estudo, com a Missa no final do dia escolar. Nos dias normais, eram dois períodos de estudo e dois de recreio. O horário era modificado porque naquela época devíamos ficar três horas em jejum antes da Comunhão. Ou seja, poderíamos comungar somente três horas após aquele hamburger “colesteróico” com ginja-cola do bar do vovô. Nestas ocasiões, as confissões podiam ser feitas durante a hora do estudo, à tarde. E a partir daí, todo mundo se cuidava para não falar qualquer tipo de imprecação até a hora da missa. Hora da confissão! Sobre os confessionários estavam os nomes dos Padres que ministravam o sacramento: Padre Leme Lopes, Padre Gil e até Padre Chaves... bem, com este último, poucos se confessavam, com medo de tomar uma bronca e ficarem retidos... Da sacristia surgia Padre Van Berger ... (ou Van Bergen ?). Padre Van Berger era um santo homem. Acho que era belga. Foi missionário quando isso era pedreira e estava aposentado, residindo no Colégio. Como eu era pequeno na época, me parecia que ele devia medir quase 2 metros de altura, encurvados para a frente Provavelmente tinha por volta de 80 anos. Mas ainda ministrava confissões, com um confessionário personalizado. Era o primeiro à direita perto do altar de Nossa Senhora das Vitórias. Entrava vagarosamente, quase claudicante, e atrás dele o acompanhava uma turba, sempre de uns 20 alunos, até mais, se estapiando e aos trancos para conseguirem melhores posições na fila que se formaria no confessionário. À propósito, hoje em dia, quando vou à igreja do Colégio, percebo que a imagem da Nossa Senhora tendo o Menino Jesus no colo, traduz: O Menino, olhando e apontando: - Mãe, o que é aquela garotada insana, arrebatadora, ensandecida, vindo da sacristia e seguindo o pobre velhinho? A Senhora, protegendo-o com os braços: - Cuidado meu Filho, senão sobra até para a Gente. Nesse ínterim, até Santo Antonio, do vitraux acima da porta, olhava de soslaio! Podem conferir, pois parece isto mesmo. Toda vez, eu dou uma analisada. Fila negociada, começavam as confissões com o Padre Van Bergen beijando a estola (era este o nome?). Entrava o primeiro, ou seja, o que prevalecera na disputa. - Padre perdoai-me porque pequei. - Sim.... - Confessei-me na semana passada. - Sim... - Falei nomes... - Hem??? - Falei nomes feios... - HEMMM ??? - FALEI PALAVRÃO... PÔ!!! - HEM!!! - ato contínuo, o Padre punha a mão em formato de concha na orelha. Eis o mistério das disputas e querelas e de tanta popularidade: o Padre era meio SURDO !!! À partir daí era só receber como resposta “- Sim, meu filho...”, e ao final “- Três Pai Nossos e três Ave Marias”. Às vezes, acho que aleatoriamente, ele perguntava: - Quantas vezes? Entretanto já me contaram que numa ocasião, confessando um daqueles colegas, cruzado eucarístico, que usava meia três quartos, que levava toddy gelado na garrafa térmica para o lanche, o Padre, que estava meio ligado, esbravejou com um tremendo vozeirão e mão em concha na orelha: - Hemmmm??? PUNH...??? No início da missa das sete da manhã aos domingos, Padre Henrique continua no primeiro confessionário, à esquerda, lá na frente. Alguém se arrisca? Tenho medo de ficar de corredor na hora do recreio... maio/2001
Eduardo Augusto de Brito e Cunha estudou no CSI de 1933 a 1938
Entrei para o Colégio Santo Inácio em 1933.
julho/2001
No intervalo entre aulas, demorou-se um pouco o professor seguinte. Rato Branco* ficou na vigilância mas, estranhando a demora, recomendando comportamento e silêncio, foi ver de que se tratava. Bastou isso para Zinho, simpático e brincalhão, engendrar uma brincadeira. O lustre alto e pesado que pendia no centro da sala, pendurado por corrente de um teto de quatro metros de pé direito, foi alcançado por um colega montado em outro, que subiu na carteira. Empurrado violentamente, o lustre passou a oscilar bastante de um lado a outro. O Zinho organizara a turma de dois lados de modo a que soprassem a dita luminária alternadamente, como se tal fosse a razão para o balançar tão violento daquela pesada peça. Eis que entra de surpresa Rato Branco, já acompanhado do professor de Português, o Vianinha, baixote e atarracado, e ambos vendo a cena preocupadíssimos, cada qual correu para uma das alas tentando interromper os sopros ritmados aos berros:
setembro/2001
Carlos Nelson Ferreira dos Santos
Passarei uma vez ainda, procurando... Quero algo para levar comigo: Que seja a última palavra ouvida, Ou o despedir verde do vento nas palmeiras. Olharei as salas, para sentir desde agora O cansaço das outras salas, lá fora. Pensarei sobre as sombras amigas das arcadas, Onde encontrarei saudades se as procurar, Mas não para vivê-las e sim para guardá-las. Eu vou seguir pelo caminho que tantas vezes segui. Porém vou vê-lo pela última vez. Pois pela primeira vez também Há um futuro a me esperar no término dos corredores. Compreendo porque não estou triste: não há tempo. Sairei apressado, minhas esperanças Já estão a me chamar. Mas penso ter tempo ainda para ficar em frente ao muro, lendo os avisos Ou para lançar um olhar desinteressado Aos velhos quadros de formaturas. Ainda irei comprar uma coca-cola E um pouco de prosa no bar do vovô, E, de passagem, cumprimentarei o Prof. Vianna, com todo o respeito. Completamente desembaraçado de sentimentalismo, Pelo hábito de fazê-lo antes das grandes decisões, Buscarei a Igreja e sua Paz de sono e seu Silêncio. E tentarei interpretar, em oração, os anseios e dúvidas, Pedindo sem lembrar de agradecimento. Olharei para o Sto. Inácio, místico e dourado, E, apesar da minha segurança quase descrente, Vou sentir medo e vou rezar baixinho, envergonhado. Se cruzar com P. Reitor na sacristia dar-lhe-ei um “Até logo”, desajeitado Sem lembrar, talvez, que isto é tudo. Ele é o professor, a classe, o colégio que ficam E eu continuo, vou embora. Depois... depois será andar pela rua, Levando estas lembranças todas... para lermbrar mais tarde, Quando chegar o tempo das recordações. Então eu voltarei para devolvê-las. in Colégio Santo Inácio - Anuário de 1961
dezembro/2001
Bruno Malburg (1969) conta “Quando eu era pequeno, toda noite, os pimpolhos já deitados, minha mãe rezava conosco. Era sempre um Pai Nosso (na época, com a missa em latim, chamado ainda de Padre Nosso), uma Ave-Maria e várias jaculatórias (usar esse termo hoje soa obsceno...).
E Bruno acrescenta: “A piada prova que não estou contando “cascata”. É a versão atual da coisa: na falta de lotações, e com a invasão do inglês, as crianças acham outros pontos interessantes nas orações (o Prof. Araújo diria cacófatos).” |