NÚCLEO DE ANTIGOS-ALUNOS DO COLÉGIO SANTO INÁCIO
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março/2002
Roberto Rodrigues de Vasconcellos
ex-aluno de 1977 *

Esta estória (que pra mim fêz história) aconteceu lá pelos idos de 1973, quando então cursávamos a 3ª Série Ginasial (hoje 7ª série).
Em nossa turma havia um grande amigo, Sérgio Luiz (não me lembro agora o sobrenome), muito querido por todos, igualmente falante e comunicativo, que ocupava a posição de goleiro do time da turma, função, aliás, que exercia de modo e forma espetaculares, posto que se consubstanciava em verdadeiro "aranha negra", não se intimidando com chutes fortes ou mesmo com as "saídas" que tivesse que realizar aos pés dos atacantes adversários (não sei o porque dos cronistas esportivos de hoje chamarem adversários de "inimigos"), sendo de sua autoria um dos maiores "vôos" que já presenciei serem dados por um goleiro, salvador de uma bola certeira e chutada "na veia", cujo destino seria o ângulo exato da baliza, não fosse ela interceptada pelo "nosso" Sérgio Luiz.
Pois bem, havia ainda um detalhe: o referido guarda metas somente se comparava em "goleirice" à sua também protuberante e avantajada magreza, tendo por isso recebido o apelido carinhoso de "tripinha". (Confesso que fui um dos signatários de tal inspiração)
Mas o "tripa" não ligava não. Ao contrário, recebia o codinome com simpatia, até porque, se por um lado era menino de baixa estatura e muito magrinho, por outro se tornava um verdadeiro gigante sob o gol, gozando, pois, de todo prestígio que os bons jogadores angariam, sejam eles do jeito que forem. Assim, longe de se tornar pejorativo, "tripinha" era sinônimo de amizade e camaradagem.
Devidamente apresentado o protagonista, vamos aos fatos:
final de campeonato da 7.a Série; sabíamos que nosso time era pior, mas tinha "tripinha" sob as traves. Isso era meio caminho andado.
Do outro lado havia o "Chicão" (Francisco Oiticica), forte e espadaúdo, segundo melhor goleiro do Colégio (o primeiro era o Renha, uma ou duas séries mais adiantado que nós, goal-keeper da seleção do Santo Inácio na época, de quem "Chicão" era reserva parelho).
Começa o jogo, bola pra cá, bola pra lá, corre, cai, falta, chuta, defende aqui, lança, mata no peito, bate, defende ali, zero a zero no tempo regulamentar. Disputa de penaltis, 4 x 4, batemos o 5º práááá foooora!! (coitado do Henrique, lembro-me dele até hoje chorando copiosamente pelo erro cometido).
Seqüenciam-se os fatos:
CENA 1: "Tripinha" no gol, levemente agachado, braços abertos como que querendo tocar as traves, expressão sisuda, sobrancelhas em "V", meneando o corpo levemente de um lado para o outro. (Goleirão aquele!!)
CENA 2: "Chicão" a uns 20 metros da bola colocada "na marca" (este penalti era dele, o 5.o e último do jogo, o decisivo, o mais importante, fêz ganhou, perdeu bye bye, então põe o Chicão" prá bater ).
CENA 3: Silêncio sepulcral. "Chicão" esfrega o pé direito no chão de terra (chuteira 41 já naquela época) e corre prá bola cheio de um "touro" de meter medo. O chute sai um petardo, um cometa, bola cuspindo fogo na direção do meio do gol. Naquela fração de segundos pode-se ouvir um "Ahhh" de exclamação geral, misturada ao contentamento de nosso time face à trajetória da redonda diretamente em direção ao "tripa", que estava lá embaixo, esperando por elazinha. "Chicão" bateu mal, muito mal... íamos empatar, depois ganhar, enfim... seríamos os campeões!!
CENA 4: "Tripinha" dá um salto prá frente e encaixa o petardo, agarrando o "objeto do desejo" de todos nós junto ao peito... instante de felicidade... de glória... mas PERAÍ!!!, a "paulada" foi centrada, bem no meio do gol, mas muito, muito forte, forte "pra burro", e o "tripa" é só goleiro, é só menino, e foi prá dentro do gol abraçado à "traidora", lá caindo sentado.
CENA 5: COMOÇÃO GERAL !!
Passado o momento de frustração pela derrota, nos dirigimos, um a um, em direção ao "tripa", o qual, acuado e triste, recebeu de nós um longo abraço de reconhecimento por sua valentia.
Perdemos o jogo. Ganhamos tudo. Choramos juntos. Nos sentimos amigos. Nos sentimos grandes como agora, passados mais de 25 anos, ainda posso sentir o quanto.
O Santo Inácio me deu este momento e muitos outros mais. Influenciou direta e fundamentalmente a minha vida, direcionando valores que conservo e conservarei bem vivos, dure eu o tempo que durar.
Hoje, ao levar minha filha Mariana (1.ª Série) ao "nosso" Colégio, vou com ela e através dela de volta às salas de aula, aos lugares de "minha época" e principalmente a rever pessoas que lá ainda estão até hoje, quer sejam padres, diretores, professores ou inspetores, que de mim também se lembram e cumprimentam com idêntico carinho.
* Roberto Rodrigues de Vasconcellos é ex-aluno da Turma de 1977 e ex-lateral direito do time

maio/2002

LEMBRANÇAS
Max Alvim (1940/1944)

Fui aluno deste importante educandário a partir de agosto de 1940, oriundo da antiga “Escola Alemã”, hoje Colégio Cruzeiro, onde realizei o primário.
O fato daquela escola, na época, não ser oficializada, implicou na minha transferência para cumprir o que chamávamos de Exame de Admissão ao Ginásio.
A minha base era tão boa que passei logo para o ginásio em dezembro daquele ano.
Concluí a nova etapa em dezembro de 1944, quando me decidi pela carreira militar, especificamente na Aeronáutica, tendo sido declarado Aspirante a Oficial Aviador em 14 de outubro de 1949, no lendário “Campo dos Afonsos”.
Tive outros colegas de turma que seguiram o mesmo caminho: Martins Costa, Dória Leuzinger, Gilberto Teixeira e Carlos Arcoverde de Freitas Almeida, este no Exército.
No meu tempo, no CSI, era Reitor o Pade Alonso e o Prefeito, o notável Padre Coelho.
Entre os Professores, destacaria o Padre Achótegui e o Padre Chabassus.
Lembro-me com saudade daqueles tempos de disciplina rígida mas grande espírito de camaradagem.
Terminei minha atividade quarenta e um anos após, em 1987, no posto de Major Brigadeiro, com muita honra e a plena satisfação do dever cumprido.

junho/2002

PADRE GIL MACHADO
Mozar Costa de Oliveira (1940)

O Padre Gil Correia Machado S.J. foi meu diretor espiritual no internato “Aloisianum”, na Rua Bambina 115, Botafogo. Foram cerca de dois anos, no final dos anos 40, início da era 50. Éramos cerca de 40 internos, com idades entre 11 e 17 anos. Ele era o padre espiritual de todos nós, vivendo sob o mesmo teto. O diretor era o fundador mesmo da instituição: Pe. Murillo Moutinho sj. que reside atualmente no Colégio São Luís (São Paulo), com 98 anos completados no último dia 26 de abril. Havia um jesuíta no estágio de magistério (a estada ali variava de um a dois anos) e uns três irmãos leigos, então chamados de “coadjutores”. Sei os nomes de todos eles, sempre com recordações de saudades, felizes que foram aqueles anos.
Nas férias de julho e de verão, P.Gil nos acompanhava à fazenda “Santa Bárbara”, perto de Vassouras. A estação de trem era o lugarejo conhecido como “Sacra Família do Tinguá”. Por toda a parte o P.Gil era o nosso amigo e conselheiro.
P.Gil era campineiro. Participou da Revolução Paulista de 1932, de cuja campanha contava muitas histórias, algumas divertidas como a de furto de galinhas que a soldadesca era incentivada a fazer com o nome de “desapertar uma galinha”, ali pelos arredores da tropa. Ele procurava mostrar-se sempre alegre e alegrando a vida dos outros, indiferentemente se meninos, jovens, adultos, homens ou mulheres. Para isso contava casos engraçados ou historietas.
Para estas inventou dois personagens, um casal: Nhô Totico e Nhá Chica. E toda gente se ria das graças, e ele também. Muita vez, se chegava visita, e calhava, ele repetia o que já sabíamos. Lembro de uma “passagem” do dito casal, como ele contava - lá iam eles a pé para a cidade, veio uma “tempestividade”, o rio subiu encobrindo a ponte e a corredeira era forte; tinham que atravessar e tentaram, mas Nhá Chica caiu n’água e afundou; na gritaria muita gente foi corredeira abaixo para achar a mulher, e viram que Nhô Totico foi em sentido contrário, rio acima; chamaram-lhe para ajudar corredeira abaixo, mas ele gritou “não, conheço minha mulher, ela é muito teimosa”. Eram muitos e pitorescos os “causos”, com Nhá Chica ou sem ela, com Nhô Totico ou sem ele.
P.Gil gostava de música. Tocava um pouco de violino e tinha uma coleção enorme de músicas brasileiras de tendência regional ou folclórica, a maioria de cunho religioso. Às vezes tinha também a partitura com a melodia, outras só a letra. Era sobretudo nas férias (cerca de três meses ao ano - em casa passávamos apenas uns vinte dias ao fim de ano e mais uns dez em julho), que ele e o “padre prefeito” (o jesuíta no estágio de magistério) organizavam os saraus noturnos, que também tinham o nome de “academia”, se não me engano. Aí se cantava, declamava-se poesia e o P.Gil não só fazia mágicas como fazia teatrinho de bonecos de mão (com habilidade de ventríloquo) e cantava conosco, sobretudo ensinando-nos cânticos que não sabíamos.
Tudo era simples e corria num ambiente de muita amizade entre os 40 internos, de respeito uns com os outros e de veneração quase sagrada pelo P. Gil. Ele era bondoso, paciente, manso de coração, amante da simplicidade no modo de ser, estimulador das alegrias singelas.
Desde jovem parece ter sido “congregado mariano”, estilo de vida de leigo, muito antigo na formação dos jovens (criação jesuítica já de muitos séculos). Ele bem conhecia e cuidava de cultivar o espírito mariano entre os que já éramos adolescentes, com reuniões semanais da “Congregação Mariana”. Os menores eram da “Cruzada Eucarística”, também aos cuidados dele, padre espiritual de todos nós.
Era especialmente devoto de “Nossa Senhora do Bom Conselho”, título mariano que sobremodo lhe fazia o gosto interior. Nossa Senhora era para ele “a nossa boa mãe”, qualidade carinhosa que repetia com muita freqüência, influenciando a piedade de muitos de nós daquele tempo. Tinha também inclinação especial pela personalidade de São João Bosco (salesiano e não jesuíta), de quem contava passagens de vida com sabor todo seu.
Recordo-me de que gostava de contar as histórias de um jesuíta mexicano, que parece ter sido morto numa revolução pelo fato de ser padre. Era o “Padre Pró”, sobre o qual há escritos, que nunca li porém. Seria um sacerdote divertido pelas peripécias que tinha de inventar para não ser preso, e talvez por isso fazia bem o gênero das alegrias simples do Padre Gil.
A saúde do P. Gil era fraca, com uma asma persistente, que lhe causava por vezes dores de cabeça bastante fortes, e nunca foi homem dotado de superiores dotes intelectuais. Humilde, contava histórias engraçadas de si próprio, na dificuldade (maior que a de outros colegas) encontrada nos estudos da Companhia de Jesus. Mais para pitorescamente divertir os outros, rindo de si próprio, do que por terem fundo inteiro de verdade histórica. Mostram a sua humildade, a sua verdade interna, a sua dedicação aos outros, a sua alegria de viver a vocação de sacerdote jesuíta.
Termino contando dois episódios relativos à minha entrada na Companhia de Jesus e à minha saída. Entrei aos 17 e saí aos 27 anos, ainda distante da ordenação sacerdotal.
Eu terminara o 4.º ano ginasial e já se discutia a mudança (logo ocorrida) sobre quando os jovens deviam entrar na vida religiosa. Ele defendia a idéia de se entrar, como sempre ocorrera, logo depois do “ginásio”. E dizia “primeiro garantir a entrada na Companhia, depois os outros estudos”. Note-se aliás que, salvo engano, ele entrara um pouco mais maduro, advindo de uma “congregação mariana” dirigida em São Paulo por um jesuíta no qual ele falava muito também - o Padre Cursino (não o conheci). Talvez porque estivera nas fileiras da revolução de 32. Isso mostra, a meu ver, o quanto interna e externamente estimava a vida de jesuíta.
O outro episódio diz respeito à minha saída. Eu terminara os estudos de filosofia na Espanha e não estava nem espiritual nem emocionalmente adaptado.
Bem, pois eu encontrei o P. Gil no Colégio Santo Inácio (fui aí professor de Latim e Espanhol entre agosto de 1959 e junho de 1960). Não me recordo bem se ele estava trabalhando lá ou não. Disse-lhe, triste, que não sabia se ia poder continuar na vida religiosa. Trocamos algumas idéias sobre o assunto, dei-lhe conta do que sentia, e logo pedi para ser mandado a tratamento psicoterapêutico em São Paulo. Quando fui despedir-me do P. Gil (que fôra militar em 32), ele me disse textualmente o que segue. “Você vem fazendo tudo o que pode por sua vocação; se tiver de sair, meu caro, passe antes na capela, bata continência e diga a Ele: “Chefe, missão cumprida!”.

julho/2002

Luiz Tarcísio Araújo

Nasceu em 25/08/1937 em São Vicente de Minas-MG; filho de Luiz Araújo e Carmen Thimotti Araújo.
Batizado em 29/08/1937 na Paróquia de São Vicente Ferrer, em São Vicente de Minas-MG; crismado em 21/07/1940.
Ingressou na Companhia de Jesus em 23/02/1958 e fez noviciado na Vila Kostka - Itaici, em Indaiatuba-SP, com primeiros votos em 24/02/1960.
Cursou Filosofia na Faculdade Nossa Senhora Medianeira, em Nova Friburgo-RJ e trabalhou como Mestre (estudante jesuíta) no Colégio dos Jesuítas (então Colégio Imaculada), em Juiz de Fora-MG.
Foi ordenado Diácono em 7/09/1968, no Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo-RS.
Fez Teologia no Colégio Cristo Rei, em São Leopoldo-RS.
Sagrado Presbítero em 21/12/1968, em Andrelândia-MG, por D. José Eugênio Corrêa, Bispo da Diocese de Caratinga-MG.
Fez votos solenes em 15/08/1975 na Igreja do Colégio São Luís, em São Paulo-SP.
Resumo da sua caminhada:
1970 a 1973: Colégio dos Jesuítas, Juiz de Fora-MG
1974 a 1976: Colégio São Luís, São Paulo-SP
1977 a 1984: Colégio Santo Inácio, Rio de Janeiro-RJ
1985 e 1986: Colégio Loyola, Belo Horizonte-MG
1987 a 1983: Colégio Anchieta, Nova Friburgo-RJ
1994 a 2002: Colégio Santo Inácio, Rio de Janeiro-RJ
Faleceu em 9/06/2002 – Dia de Anchieta, no Rio de Janeiro-RJ.

veja foto 458 no site “fotos & recordações”

Mensagem a um amigo

Éramos jovens quando nos conhecemos.
A vida nos sorria descontraída
quando fazíamos de nosso tempo brincadeiras
e dos sonhos realidades...
Ao cair da noite pensávamos no alvorecer do amanhã,
em novas aventuras, sensações e fantasias...

A magia lúdica nos envolvia a todo instante
com o fascínio do velho casarão do Anchieta:
seus corredores imensos, seus campos de esportes,
a silhueta verde das montanhas...

Houve um tempo em que a vida nos distanciou.
Seguimos por caminhos diversos...
No reencontro, os sorrisos já não eram os mesmos:
as brincadeiras tornaram-se mais sérias
e muitos sonhos se desvaneceram dispersos...

Foi a dureza das confidências de tantas vidas;
o desgaste dos sentimentos embrutecidos,
as rugas que marcaram rostos de tantos amigos
e tiraram o brilho inocente dos olhos de quem foi criança!

Guardamos conosco os sonhos do velho casarão
no abrigo seguro da saudade...
Outros fatos povoavam nossos amadurecidos anos:
a alegria dos amores que abençoamos
os laços que conseguimos reatar
Como também lágrimas quentes que enxugamos,
Cirineus de tantas consciências aliviadas...

Tínhamos em comum do passado, a nostalgia.
No presente, em nossas mãos ungidas,
o misterioso e sagrado toque da divindade
quando nada mais podíamos esperar da humanidade!

Juntos fizemos do Santo Inácio lugar de paz, aconchego:
abrigo das amizades, dos amores que sobreviverão ao tempo
E até mesmo à própria eternidade!
Pe. Paulo D´Elboux
DEPOIMENTOS
LEMBRANÇAS
SAUDADE

Ele, que sempre nos incentivou e colaborou, com sua alegria e celebrações animadas, fará falta. Mas temos certeza de que hoje se encontra na glória do Pai, intercedendo por nós.
Como ele dizia, procuraremos ser sempre jovens, fogo vivo e abrasador e não apenas fogo de palha, que queima, faz fumaça e morre rápido.
Pedro Carpenter Genescá (1997)

Sempre admirei no Araújo a sua total entrega à vocação religiosa e sacerdotal. Não sabia recusar serviço e por isso morreu em completa doação de sua vida. Um exemplo admirável.
Antônio Savioli (Colégio Anchieta)

Recebi a triste notícia da morte do P.Araújo durante a missa na Capela da PUC-Rio. Ele era tão caridoso que escolheu a sua casa, a casa de Deus, para que soubéssemos que havia morrido e onde estávamos consolados e em conforto na oração.
Era meu paciente, amigo e meu confessor. Acompanhou meus filhos desde as primeiras letras no Santo Inácio, ajudando, como todos vocês jesuítas, a moldar o caráter, a sabedoria, a habilidade e a destreza para o bom combate.
José Goulart Furtado
médico - pai de ex-alunos

Para nós, que não temos família perto e só contamos com amigos neste país que adotamos e que nos adotou, P.Araújo foi uma peça fundamental na construção de nossa família de fé.
Foi ele que nos recebeu e ensinou a caminhar dentro desta comunidade; quem celebrou nossa missa de bodas de prata de casados; quem nos orientou na coordenação do nosso grupo de aprofundamento, estendendo a eles, os novos, o seu abraço amplo; quem nos alegrou com suas visitas a nossa casa sempre que o chamamos.
Nossa filha Carolina teve muito contato com ele e sentiu pela primeira vez, depois de três anos de viver numa cidade nova para nós, que éramos conhecidos e importantes para alguém. Ela me disse domingo, com tristeza, que sentia a sua perda com a mesma intensidade que sentiu a dos avós.
Todas as coisas fazem sentido quando sabemos vê-las com os olhos da fé; mas esta tristeza está especialmente difícil de superar. Sentiremos muito a falta dele.
Jorge e Maria Elena Alfaro (UNAPE)

Acho que todos nós recordamos do nosso querido Padre Araújo com muito carinho. Eu costumava dizer que ele era o Padre dos jovens. Estava sempre no meio dos jovens e era disso que gostava. Jamais se recusou a rezar uma missa para a galera dos “churrascos” das Semanas Santas. Mas ele tinha uma característica muito peculiar da qual, certamente todos se lembram. Era muito apressado. Não me lembro de nenhuma vez tê-lo encontrado pelos corredores do Colégio sem pressa, tranqüilo. Estava sempre atrasado para alguma coisa. Isso reflete bem o quanto ele era ativo. Organizava os EPC’s com muita dedicação e carinho e deixou nos corações de todos que o conheceram uma sementinha que deverá florescer cada vez mais. Às vezes rezava uma missa em Corrêas às 17h e outra no Santo Inácio às 19h. Gostaria que fosse sempre lembrado por sua dedicação a toda a comunidade inaciana. Ele era apressado, por isso, foi embora cedo... encontrar o nosso Criador que com certeza o acolheu com uma grande festa. Resta-nos a saudade, o afeto e a lembrança de suas palavras: “Não podemos deixar a brasinha virar carvão.”
Renata Muniz (1996)

Convivi muito com ele pois durante alguns anos eu trabalhei no Encontro de Pais com Cristo do CSI. Eu tocava violão enquanto o Pe. Araújo cantarolava (o que fazia muito bem). Ele também celebrou, em 2000, a Missa de 50 anos de casados dos meus pais, a mais bonita e alegre que eu já tive a chance de participar. Ele emocionou a todos e cantou lindas melodias que falavam de amor e união.
Luciana Ragoni (1983)

Padre Araújo foi uma figura muito importante para mim no Colégio Anchieta em Nova Friburgo e tornou-se uma referência quando me transferi para o Santo Inácio em 95.
Bruno Lopes Holfinger (1995)

(...) além da relação fraterna na Companhia e no Sacerdócio, tinha com ele uma amizade muito especial, antiga e sincera. Admirava nele a alegria permanente, a serenidade interior que denotava um religioso e sacerdote de vida interior intensa e autêntica.
José Carlos de Lima Vaz (1943)
Bispo de Petrópolis

Sinto muito pela perda, para o colégio e os alunos. Perdemos um grande amigo.
Leslie Figueiredo (1977)

Que tristeza... que triste perder essa pessoa tão querida que era o Padre Araújo. Desde criança no Santo Inácio, convivi com esta pessoa tão amável e alegre... eu ia com a minha turma e professores sempre rezar na capela do último andar do prédio antigo, e quem sempre estava lá para nos recepcionar? Padre Araújo!
Vanessa Kochem (1998)

Triste noticia. Mas nossa fé faz com que acreditemos na vida eterna!
Tereza Maria Ribeiro Gomes (1980)

Padre Araújo celebrou meu casamento com Claudia há 15 anos de uma forma tão carinhosa e alegre que por certo contribuiu para que minha família se mantenha unida no amor desde aquela data. Ele ainda celebrou as bodas de prata dos meus pais e as bodas de ouro dos meus avós. Ao colocar minhas duas filhas no Colégio (Camilla e Giovana) tivemos a sorte de, pelo seu retorno ao Colégio, tê-lo novamente alegrando a todos com sua musicalidade e acima de tudo com seu otimismo e alegria. É uma grande perda de um homem tão bom.
Rogerio Vivaldi Coelho (1981)

sem dúvida uma perda enorme para todos nós...
João Cesar Kubitschek Lopes (1982)

(...) encontrei com ele nos corredores do colégio em meados de fevereiro deste ano e mais uma vez agradeci por tudo o que ele tinha feito por mim, por meu marido, por meu pai antes dele falecer e depois que ele se foi, todo o carinho e atenção dispensadas a minha família...
(...) que pena... que perda para o colégio, ex-alunos e famílias que ele tanto atendia tão bem e com tanto carinho e consideração, dando seu verdadeiro e profundo e valioso testemunho inaciano... (...) Enviamos daqui [USA] nossa eterna gratidão a ele e uma profunda tristeza de não ter tido tempo para dizer “muito obrigado” mais uma vez pessoalmente... (...) desde a época de colégio nos corredores do colégio como “padre espiritual de uma certa série”, nos encontros de jovens, nas colônias de férias até agora nos ex-alunos já adultos formados e famílias constituídas... toda sua estória de vida estará para sempre interligada com muitas outras vidas que ele “tocou” ao longo de seu caminho... que Deus o abençoe e o conserve a Seu lado lá no Céu... e que ele possa estar como se fosse “um anjo que continue nos inspirando” ao longo de nossos caminhos por aqui...
Izabela Fischer-Vialle (1977)

Era um grande amigo, foi muito especial para minha família, em especial minha irmã Isabela, mas principalmente para meu pai. Sua alegria edisposição para atender a todos sempre me marcaram. Tive a felicidade de conviver com ele em muitos Encontros de Jovens que tivemos em Correas. Certamente ele está muito bem acompanhado, junto a nosso Deus e Pai, mas a ausência do amigo tricolor será muito sentida.
Ricardo G. Fischer (1974)

setembro/2002

SAUDADES DO GOYANNA (1967)
Sérgio Xavier Fortes

Fazia um calor infernal naquele domingo do verão de 1964. Da praia há pouco abandonada ainda guardávamos uma sensação de incômodo. O sal mal tirado do corpo pelo banho apressado, a pele ressecada pelo sol escaldante. Mal estar potencializado por pesadas camisas tricolores compradas na Superball da Xavier da Silveira, muito diferentes dos sofisticados equipamentos esportivos de hoje.
O relógio ainda não marcava uma da tarde. O “Fla-Flu” profissional só começaria às 16 horas mas a preliminar dos aspirantes também se afigurava espetáculo imperdível. Impunha-se prestigiar a nova geração de craques de Álvaro Chaves. Futuros players que iriam, dentro de poucos anos, fazer explodir de orgulho nossos corações tricolores.
Estamos no ponto de ônibus em frente à loja das Persianas Colúmbia, entre Paula Freitas e República do Peru. Nessa loja trabalhava o “Ceguinho”, durante muitos anos goleiro do Dumans, time de futebol de praia da Paula Freitas treinado pelo célebre Nenen Prancha. A reduzida acuidade visual do “Ceguinho” abreviou sua carreira de goleiro. Optou pela função de árbitro, também no futebol de praia. Nesse mister suas emoções se multiplicaram.
Desponta no horizonte o Barão de Drummond-Leblon. De longe percebe-se que está lotado, circunstância previsível num dia de Fla-Flu. Ao nosso sinal, e de outros tricolores e rubro-negros ali postados, o ônibus pára. Minha tensão chega ao limite máximo. Como é que o Goyanna vai entrar nesse diabo de ônibus com essa bandeira tricolor gigantesca? Que jeito dará ele para acomodar no coletivo os quase seis metros de mastro do artefato?
Tenso, acompanho suas manobras. Enfia a bandeira através da terceira janela à frente do trocador. Empurra o apetrecho com força. Não toma conhecimento dos protestos e palavrões que se multiplicam entre os incomodados. Quando é suposto que a tal bandeira já está toda dentro do 438, adentramos o veículo.
Pela recepção, especialmente dos flamenguistas, pressinto que vamos ser linchados. Nada disso acontece. Nelson Goyanna de Carvalho, com o sorriso moleque que foi sua marca registrada por toda a vida, começa a distribuir uma série de “Meu querido, muito obrigado!...” “Desculpe qualquer coisa!...” “Vai ser um jogão, não é mesmo?...” E por aí ele foi.
Esse episódio retrata a personalidade do querido amigo que recentemente nos deixou. Uma personalidade singular. Alguém que nunca vi zangado. Que soube viver a vida intensamente, dividido entre inúmeras paixões, entre elas o Fluminense.
Sua missa no Santo Inácio reuniu as inúmeras tribos de que participou. Os diversos grupos de pelada. Colegas de Santo Inácio. Colegas de São Fernando, onde se refugiou depois que seu nível de agitação alcançou patamares incompatíveis com as normas rígidas dos jesuítas.
Registre-se, aqui, mais um aspecto da personalidade especial do nosso amigo. Goyanna não se “formou” no Santo Inácio. Mas nem por isso deixou de ser, sempre, a figura mais animada do nosso jantar de confraternização de final de ano. Saiu do Santo Inácio mas guardou com carinho o tradicional paletó cinza do uniforme. Paletó cuidadosamente exposto na sua missa e que eu e Marinho Pereira examinamos com choro contido. Quando reencontrá-lo, vou querer esclarecer uma dúvida que naquela oportunidade não consegui aferir. Trata-se de um paletó da “Colegial” ou da “Torre Eiffel”?
Difícil me concentrar na missa. Minha cabeça tomada por variadas lembranças envolvendo aquela maravilhosa figura. Memoráveis argüições de latim com o Irmão Batista. Agitação na fila do pão doce, nas missas da primeira sexta-feira do mês. Embates com o Pe. Chaves, de quem viria a se tornar amigo nos últimos tempos, algo tão inimaginável quanto um estreitamento de relações entre Tom e Jerry, entre o Capitão Marvel e o Dr. Silvana. Campeonatos de mini-pelada na casa do também saudoso Sérgio Carrera... e por aí vai.
Recobrei minha atenção quando Theobaldo Vianna Junior discorreu emocionado sobre os méritos do amigo sempre risonho. Do globe-trotther. Do tricolor fanático, capaz de enaltecer as excelsas qualidades de Ubiraci, Victor Gonzalez ou Jair Francisco. De qualquer ente que tenha um dia, com maior ou menor competência, envergado a jaqueta tricolor. Do técnico de futebol feminino nos Estados Unidos. Do Procurador do Paulo César Caju. Do grande amigo de uma infinidade de amigos.
Em sua nova dimensão, Goyanna já deve estar organizando suas peladas. Reclama e bronqueia de entradas faltosas de anjos e querubins. Quem o conhece sabe que é puro fingimento.

HOMENAGEM A ROBERTO VENTURA (1974)
Marta Rita Baptista

À espera de um vôo num aeroporto de uma capital brasileira, leio numa revista que comprei para passar o tempo a notícia da morte de um dos melhores amigos que tive durante meus três anos de CSI: Roberto Ventura. Publicada na revista “Época”, na seção “Dia-a-dia”, a notícia fala da morte do professor de teoria literária da USP, de 45 anos, em acidente numa estrada do interior paulista.
“Intelectual notável, original e atencioso, era estudioso de Euclides da Cunha e há dez anos se dedicava a escrever uma biografia do autor”, diz a nota.
Eu sabia que o Ventura tinha se formado em Letras e que se destacava numa universidade paulista. Li isso em algum jornal ou revista nacional. A sua morte inesperada num acidente de automóvel me entristeceu e chocou.
A simples existência de um amigo, mesmo que a gente não o veja há mais de 20 anos, é um fator tranqüilizador. A morte de uma pessoa de nossa idade, que a gente conheceu, por outro lado, é sempre perturbadora porque nos remete à extrema fragilidade de nossas vidas e àquelas eternas perguntas, que para mim permanecem sem resposta: de onde viemos? quem somos? para onde vamos?
Minha amizade com Ventura foi de curta duração, mas intensa. Compartilhamos angústias existenciais, expectativas e emoções. Fico imaginando como ele era hoje, tentando construir uma biografia a partir de poucas linhas lidas na revista: será que se casou? Teve filhos? Era feliz? Amou e foi amado? Penso também nos vários amigos que deixei no Santo Inácio e com quem dividi o dia-a-dia naqueles tempos de incertezas e inseguranças típicas de adolescentes.
Não sei se mudei tanto apesar de todos esses anos de estrada. Mas, sei que o tempo urge e que cada dia deveria ser vivido como o último. Fico feliz que um cara inteligente como o Ventura tenha se dedicado às Letras e imagino que ele tenha deixado uma obra consistente. Imagino também que como professor tenha deixado suas marcas em centenas de alunos. Torço para que tudo isso frutifique e que permaneça como uma lembrança de sua passagem entre nós.

dezembro/2002

NAQUELE TEMPO...
Fernando Antonio Genschow (47)

Fui do tempo em que só havia meninos no Santo Inácio. Ginasial (hoje 5.ª a 8.ª série) com aulas à tarde (1941-1944), inclusive aos sábados. A folga semanal era às quartas-feiras. Missa obrigatória nos domingos. De uniforme branco e quepe...
Professores, a maioria padres. Além do Reitor havia o Prefeito de Disciplina!
O uniforme comum era de cor cáqui, com paletó! Só se podia tirar o paletó durante as aulas nos dias de muito calor, com ordem superior.
Havia diversas atividades extra-escolares além dos jogos esportivos. Os mais religiosos tinham a Congregação Mariana para freqüentar. Os “intelectuais” podiam escrever no jornalzinho “A Vitória”. Quem quisesse educar a voz, podia inscrever-se no coro... Tudo muito bem dosado e dirigido.
Além das aulas, havia a hora do estudo, com muito silêncio. Proibido conversar.
Se você não se comportasse bem no colégio, “ficava preso”. Essa era a expressão usada. Seu castigo: sair das aulas uma hora depois dos colegas...
As notas saiam mensalmente em uma caderneta de uso pessoal, na qual o pai/mãe tinha de assinar o “visto” em casa. Havia classificação por boas notas recebidas e trimestralmente a concessão de belos diplomas aos mais aplicados: títulos de conde, marquês, príncipe... E no fim do ano, a famosa “festa das dignidades escolares”, com a concessão de medalhas aos melhores do ano!
Um detalhe curioso da vida colegial: no fim do dia, após as aulas, as turmas iam saindo por bairros de residência, pois os bondes especiais na hora exata iam chegando para nos apanhar. Cada bonde seguia com um padre como vigia...
É difícil acreditar como os tempos mudaram. As gerações de hoje consideram tudo isso um absurdo. Pois para mim foram os melhores dias de minha vida.
Que saudades desses velhos tempos!